quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O Clássico Ricardo Reis

Os três heterónimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis,Álvaro de Campos) e "O Menino da sua Mãe" Desenho a esferográfica de Almada Negreiros

Fernando Pessoa por ser tão grande teve que dividir em seus heterônimos, foi dividindo-se que o poeta se encontrou, o que mais chama minha atenção é Reis, em 1887, nasceu Ricardo Reis, heterônimo de Pessoa, nasceu no Porto, foi medico e viveu no Brasil. Um pouco, mais muito pouco, mais baixo, mais forte (que Caeiro), mais seco, de um vago moreno mate. Foi discípulo de Alberto Caeiro, outro heterônimo de Pessoa de quem adquiriu a lição de paganismo espontâneo. Educado num colégio de jesuítas, é, como disse foi médico viveu no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. É um latinista por educação alheia, e um semi-helenista por educação própria, diferentemente de Caeiro é mais Romano que Grego, gosta de Lucrécio de Virgilio, de Propércio, e sobretudo de Horácio. Reis é marcado por uma profunda simplicidade da concepção da vida, por uma intensa serenidade na aceitação da relatividade de todas as coisas. Reis constitui em sua obra um conjunto de cerca de 250 Odes, ele é clássico busca o equilíbrio (inclusive em suas Odes) precisa equilibrar esse Carpe diem Reis adquiriu a lição de paganismo espontâneo de Alberto Caeiro, vendo a enfermidade da vida Reis vê a morte como um destino inevitável, com algo que não o torne um excessivo em “êxtase e entusiasmo”, então não aceita a alegria total, se ele se deixasse entrar no estado de êxtase e entusiasmo, ofenderia os deuses, e por isso ele se equilibra com uma tristeza.


Fernando Pessoa sentado num jardim
Desenho de Almada Negreiros


Lídia, como Cloé, assim como Neera, todas são mais ou menos a mesma coisa: imagens de desejo que o Reis enxerga, mas não toca, no caso de Pessoa, todas elas são a impossibilidade do amor, calcadas na relação platônica com Ofélia, a única mulher que amou em vida, mas que nunca teve nada de verdade com ele, a não ser intenções.

“Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos)...”

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante o seu texto. Aproveito para publicitar uma publicação sobre Reis, gratuita no meu site http://omj.no.sapo.pt. Espero que possa consultar e divulgar. Obrigado.