quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008




Nada fica de nada. Nada somos.

Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos

Da irrespirável treva que nos pese

Da humilde terra imposta,

Cadáveres adiados que procriam.


Leis feitas, estátuas vistas, odes findas —

Tudo tem cova sua. Se nós, carnes

A que um íntimo sol dá sangue, temos

Poente, por que não elas?

Somos contos contando contos, nada.


Ricardo Reis


Esta Ode é definitivamente a mais forte de Reis, chega a ser cruel até, diz que não somos nada o poema inteiro, não fazemos nada que dure para depois nos comparar a contos, isso é de um ceticismo bárbaro, ao mesmo tempo, de uma provocação bárbara para vivermos apenas o presente.

Um comentário:

caio ricardo bona moreira disse...

olá, sofie, nada melhor do que começar com ricardo reis. bjs